Movimento

O excesso de estabilidade pode provocar o efeito nocivo da estagnação. Isso pode soar um pouco contraditório, uma vez que ser estável é, a princípio, sinônimo de força e equilíbrio, de qualidade. E é claro que, por exemplo, a estabilidade da saúde, ou emocional, ou ainda a profissional, são metas e objetivos absolutamente desejáveis, pois através deles podemos crescer e amadurecer nessa existência com harmonia. Entretanto, o ponto em questão é aquela estabilidade que se confunde com a acomodação e que causa estacionamento em zonas de conforto.

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Por exemplo, aquele problema que você nunca resolve, mesmo depois de anos de protelação. Ou aquele passo que nunca é dado, mas sempre adiado. Muitas vezes não agimos porque estamos iludidos por um tipo de aparente “estabilidade”, de conforto que se apresenta de várias formas. Às vezes é um ganho secundário, tipo “não resolvendo esse problema essencial, eu tenho aquilo como ganho”. Outras vezes, é a falta de cobrança externa que eventualmente ocorre em relação a nós, e acreditamos ser esse um indicador de que está tudo bem. Tem também o vitimismo do tipo “eu já sofri muito, lavo as mãos”. Ou simplesmente não queremos perder alguma coisa que nos dá prazer. Isso já ocorreu com todos nós em algum grau.

Excesso de estabilidade pode provocar estagnação. Movimento existe quando há atuação de forças desestabilizadoras assimétricas.

Essa é uma lei natural, inclusive. Só existe variação no movimento de um corpo quando a soma das forças que atua nele é diferente de zero. Só existe corrente elétrica quando existe diferença de potencial (ddp) entre dois pontos. Quando uma ddp é criada, ocorre então movimento de cargas, ou corrente elétrica. A sua “tomada elétrica” em casa ou no escritório é uma fonte geradora de ddp, ou seja, os 110 volts ali disponíveis (ou 220, dependendo da região) são os responsáveis por provocar a corrente elétrica que vai alimentar seus aparelhos. Você pluga a tomada e imediatamente uma corrente elétrica percorre o fio condutor até alimentar o ventilador, o computador ou a TV.

Quer mudar? Quer movimento em sua vida? Crie então situações desestabilizadoras, desafiadoras. Crie “conflitos”, no sentido de colocar o velho comportamento em crise, em teste, de colocar o novo comportamento igualmente em teste, enfim, crie ddp entre os pontos da sua vida que deseja mudar. Arrisque, teste, aja com espírito inovador.

jump

Zonas de conforto, por mais quentinhas e felpudas que sejam, não vão lhe trazer muita novidade. Será repetição do conhecido. Mais vale a pena o risco do choque na tomada da decisão em nome do que há por vir do que a eterna insatisfação de sentir-se estagnado no meio de um rio que corre.

Gustavo Mokusen.

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